A Multiplicidade dos Mundos

“Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus,
de maneira que o visível não foi feito do que se vê”.
Hebreus 11:3

De acordo com as descobertas científicas, nosso universo é composto de bilhões de galáxias, que por sua vez, possuem trilhões de estrelas, das quais, presumivelmente, muitas são rodeadas por planetas.

A pergunta é inevitável: Estamos sós no Universo? Haveria vida em alguma outra parte além da Terra?

De acordo com a Bíblia, o homem não é a única raça a habitar esse imenso Cosmos. O relato de Jó 38:7 nos dá conta de que a criação da Terra foi assistida por uma legião de seres vivos, chamados ali por dois nomes: estrelas da alva e filhos de Deus (Heb.: bene-a-elohim).

Esses seres, popularizados pela cultura cristã como anjos, são anteriores ao homem. Não se tratam apenas de seres espirituais, mas que possuem uma estrutura fïsica. Suas frequentes aparições nas páginas da Bíblia comprovam isso. Eles comem, bebem, dormem, e se parecem tanto com seres humanos, que chegam a ser confundidos com eles.

As vezes também aparecem com vestes resplandecentes, e desaparecem subitamente.
Além disso, deslocam-se no espaço através de meio de transportes. Se fossem apenas seres espirituais, não precisariam disso.

São chamados de anjos por serem portadores de mensagens de Deus aos homens.

A cultura popular os pinta com asas e aureolas, fugindo completamente da realidade
apresentada nas Escrituras.

São frequentemente identificados como estrelas, e isso nos fornece uma pista de sua origem e habitat.

Formam os “exércitos celestiais”.

Muitos deles presidem mundos, são potestades nos lugares celestiais (espaço sideral).

Em seu habitat, não se reproduzem. Os mundos em que habitam estão devidamente preenchidos. Não sabemos ao certo se popularizaram seus mundos através da procriação, ou se foram criados já em um número definido.

Não estão sujeitos a morte, pois sua natureza está aperfeiçoada. O fato de serem “espíritos ministradores”, não implica em que eles não tenham existência física (Hb.1:14). O homem também é espírito, entretanto, possui corpo. Eles, porém, possuem a habilidade de desmaterializar-se. Seus corpos são compostos de energia sutil, que pode condensar-se, ou desmaterializar-se, tal como o corpo ressurrecto de Cristo, que embora pudesse ser tocado, era capaz de atravessar paredes e de comer.

Há uma diversidade de seres conhecidos como anjos. Entre eles, os querubins. Estes aparecem na Bíblia como seres alados, e com aparência híbrida (parte homem, parte animal). Eles são os protetores planetários, enquanto os arcanjos são os protetores das nações.

Querubins e Serafins são a mesma espécie de ser. Serafim diz respeito ao ser em si, enquanto Querubim pode referir-se a sua habilidade de locomoção aérea (Sl.18:10). São também chamados de “vigias”.

O termo “anjo” da língua portuguesa tem origem na palavra latina angelu, que por sua vez se deriva do termo aggelov (aggelos) do grego. Em hebraico, a palavra traduzida como anjo é K)lm (mal'ak). Esta palavra ocorre 214 vezes no Antigo Testamento, enquanto aggelos ocorre 188 vezes no Novo Testamento, sendo que ambas tem o significado de mensageiro, representante, enviado ou embaixador.

A Natureza Angelical

De acordo com as Escrituras, os anjos (malakim, plural de malak) são “espíritos ministradores”.[1] Sua principal função é servir a Deus, ministrando em favor daqueles que herdam a salvação. Portanto, eles estão ativamente envolvidos na história humana.

O fato de serem espíritos, não os impede de ostentarem corpos materiais. O homem também é espírito, entretanto, possui um corpo. Eles, porém, possuem a habilidade de desmaterializar-se, e tornarem-se invisíveis. Seus corpos são compostos de um tipo de energia sutil, capaz de condensar-se, ou desmaterializar-se. A evidência disso é que em suas aparições, podiam tocar e ser tocados, seus corpos eram capazes de processar alimentos sólidos, tal o corpo de Jesus após Sua ressurreição, já em Seu Corpo glorificado.[2]

De acordo com Jesus, os anjos são seres imortais:

"Mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento; Porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição". Lucas 20:35-36

Tal qual o homem, os anjos foram criados para serem imortais. Sua imortalidade se deve ao fato de serem participantes da natureza divina. Por isso, são também chamados de “filhos de Deus”.
São seres extremamente poderosos, dotados de poderes sobre-humanos. As Escrituras testificam que em comparação aos homens, eles são “maiores em força e poder” (2 Pe.2:11). Dentro da hierarquia da criação, o homem foi feito pouco menor do que os anjos (Sl.8:5). Entretanto Deus coroou a raça humana de glória e honra, escolhendo-a para ser recipiente de Sua majestade.

Embora possuam grande poder, os anjos não são onipotentes. E a prova disso é que um dos seus mais proeminentes representantes, Gabriel, necessitou de reforço em sua batalha contra uma potestade inimiga (ver Dn.10:12-13).

Tampouco são oniscientes (ver Mt.24:36), embora possuam conhecimento bem superior ao do homem.[3] Todavia, Deus escolheu a humanidade redimida (igreja), como meio pelo qual os anjos deveriam aprender acerca da multiforme sabedoria de Deus (Ef.3:10). Se fossem oniscientes, não precisariam aprender mais nada.

Como guardiões da humanidade, eles não apenas ministram, mas a observam atentamente, com o fim de aprender mais e mais acerca do Criador. Por isso são chamados de Vigilantes (no original, “aqueles que observam”)[4]. Segundo Pedro, há “coisas para as quais até os anjos desejam atentar” (1 Pe.1:12).

Eles também não possuem o atributo da onipresença. Não obstante, se deslocam com velocidade, saindo ao socorro daqueles que clamam a Deus.[5]

Geralmente, aparecem como seres de gênero masculino. Nas páginas sagradas, são freqüentemente chamados de varões. Entretanto, em uma única vez, aparecem como seres de gênero feminino.

“Então levantei os olhos, e olhei, e duas mulheres saíram, agitando o ar com as suas asas, pois tinham asas como as da cegonha, e levantaram o efa entre a terra e o céu.” Zacarias 5:9

Não há, portanto, razão para crermos que os anjos sejam seres assexuados.

Quando Jesus diz que seremos como anjos no céu, que não se casam, não estava afirmando a assexualidade angelical.[6] De fato, em seu habitat, os anjos não se unem matrimonialmente. Talvez por terem sido criados em um número já definido (Gn.2:1 e Sl.148:2-5), ou por já terem alcançado esse número em tempos remotos, e por isso, hoje, já não necessitem procriar. Mas isso não significa que não possuam algum tipo de diferenciação sexual.

A Criação dos anjos

Os anjos foram criados por Deus antes mesmo da criação da Terra e do homem:

"Depois disto o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás. Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam? Ou quem encerrou o mar com portas, quando este rompeu e saiu da madre; Quando eu pus as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por faixa? Quando eu lhe tracei limites, e lhe pus portas e ferrolhos, e disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se parará o orgulho das tuas ondas?" Jó 38:1-11

O habitat angelical

Todos concordam que o habitat dos anjos é o céu. Mas o que entendemos por “céu”? A Bíblia diz que Deus habita no céu dos céus. Em outras palavras, a habitação divina transcende o universo. Ainda que percorrêssemos o universo de ponta a ponta, jamais encontraríamos a morada do Altíssimo. Mas o mesmo não se poderia dizer dos anjos. Os antigos referiam-se ao firmamento quando falavam do céu.

De acordo com as Escrituras, os anjos são em número de “milhões de milhões”(lit.“trilhões”). Desses, “milhares de milhares”(milhões) o serviam” enquanto “milhões de milhões assistiam diante dele”(Dn.7:10; ver também Apocalipse 5:11-12). A impressão que temos é que há um tipo de escala de turnos entre eles, como acontecia entre os sacerdotes levíticos, que se alternavam no serviço do tabernáculo. Os que estão em serviço, ministram aos homens na Terra. E os que simplesmente assistem diante d’Ele? Onde estarão? Qual seria seu habitat?

Não há razão para duvidar que esses trilhões de seres estejam espalhados pelo Universo, nos inúmeros mundos que Deus fez. “Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que o visível não foi feito do que se vê” (Hebreus 11:3). Deus não teria criados tantos mundos em vão.

Se admitirmos que tais seres possuam uma existência física, por inferência, teremos que supor que seu habitat também seja de ordem material.

[1] Hebreus 1:14 - "Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?"
[2] "(1) E vieram os dois anjos a Sodoma à tarde, e estava Ló assentado à porta de Sodoma; e vendo-os Ló, levantou-se ao seu encontro e inclinou-se com o rosto à terra...(3) E porfiou com eles muito, e vieram com ele, e entraram em sua casa; e fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levedura, e comeram...(10) Aqueles homens porém estenderam as suas mãos e fizeram entrar a Ló consigo na casa, e fecharam a porta;" (Gênesis 19:1,3,10)
[3] "Agora vim, para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda para muitos dias". (Daniel 10:14)
"E o anjo me disse: Por que te admiras? Eu te direi o mistério da mulher, e da besta que a traz, a qual tem sete cabeças e dez chifres". (Apocalipse 17:7).
[4] Dn.4:13, 17, 23
[5] "Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?" (Mateus 26:53)
[6] "Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu". (Mateus 22:30 ACF)

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