A Humanidade nas mãos de tutores celestiais

Assim como há dois relatos da criação do homem (Gn.1:26-30; 2:4-25), é razoável considerar que haja também dois relatos da Queda. No caso da criação, o primeiro relato é resumido, e o segundo, mais detalhado. O mesmo se dá com respeito à Queda. O primeiro relato é alegórico, e o segundo é literal.

No primeiro, vemos que foi a mulher que, uma vez seduzida pela serpente, comeu do fruto que Deus havia proibido. Já no segundo relato, vemos que os seres angélicos, chamados ali de “filhos de Deus”, se engraçaram com as filhas dos homens, e as seduziram. Ambos os relatos demonstram um envolvimento entre o sexo feminino e uma espécie diferente do ser humano, chamada de “serpente” em Gênesis 3, e de “filhos de Deus” no capítulo 6.

Deus proibira o envolvimento da raça humana com aqueles seres celestiais que deixaram o seu domicílio para transitarem na Terra dos homens. Todo o conhecimento de que necessitasse, o homem deveria buscar diretamente na fonte, Cristo, a Árvore da Vida.

Mas a curiosidade foi maior. No princípio, apenas um contacto amigável, busca de conhecimento. Comer do fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal significa exatamente isso: buscar conhecimento fora da fonte, contactando aqueles seres que Deus proibiu que os humanos contactassem.

Enoque diz que foram eles que ensinaram os homens a fabricar armas, a extrair metais da terra, a fazer feitiçarias, fabricar comésticos e etc. De repente, a humanidade deu um salto tecnológico. Os cientistas não conseguem entender como esse salto foi possível. Sem mais, nem menos, o homem deixa as cavernas, e o uso da pedra lascada, e começa a fabricar armas de metal.

Em que pese o fabuloso progresso experimentado pela humanidade, fruto do contacto com a raça celeste, o preço pago foi caríssimo.

Mesmo sendo senhor de tudo, o homem tornou-se como escravo.

Paulo fala sobre isso aos Gálatas:

“Digo que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do escravo, ainda que seja senhor de tudo. Ele está debaixo de tutores e curadores até o tempo determinado pelo pai. Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão, debaixo dos rudimentos do mundo (...). Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses” (Gl.4:1-3,8).

Durante milênios, a humanidade esteve sob a tutela desses seres. Foram eles que se aproveitaram da ignorância dos humanos, para se fazerem deuses.

Estávamos entregues aos cuidados dos anjos, tanto dos que permaneceram fiéis a Deus, quanto dos que se rebelaram e se tornaram os ídolos das nações.

Foi por intermédio deles que Deus nos outorgou a Lei (Gl.3:19). Estévão deixa isso claro em seu caloroso discurso: “Vós, que recebestes a lei por ordenação de anjos, e não a guardastes” (At.7:53).

Os anjos fiéis, liderados por Miguel, ficaram responsáveis por Israel. Os anjos que se amotinaram ficaram responsáveis pelas demais nações, rateando-as entre eles. Foi assim que surgiram os ídolos das nações.

Se tudo se mantivesse como no início, as coisas não se complicariam tanto. O envolvimento entre os humanos e a raça celeste renderia outro capítulo na História da saga humana.

O envolvimento entre eles não ficou limitado ao plano do conhecimento do bem e do mal. Gênesis 6 nos revela que houve envolvimento sexual entre as duas espécies.

Embora o texto pareça indicar que o motivo que levou os anjos a se envolverem sexualmente com as mulheres foi a sua beleza, tenho razões para supor que o verdadeiro motivo foi tentar macular geneticamente a raça humana, e assim, impedir o nascimento de Cristo, profetizado em Gênesis 3.

“E porei inimizade entre ti a mulher, e entre a tua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn.3:15).

Estas palavras foram proferidas por Deus à serpente. Aqui se prevê o nascimento de Cristo, e o surgimento de uma descendência maligna, resultante do envolvimento entre anjos e humanos.
Em momento algum Deus foi pego de surpresa.

Para que se cumprisse a profecia, e o propósito divino por trás dela, Deus permitiu que os anjos se acasalassem com mulheres, e engendrassem uma raça híbrida, chamada “Nefilim” (Os caídos).
Veja o que o texto diz:

“Como os homens começaram a multiplicar-se sobre a terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram (...). Havia naqueles dias gigantes na terra, e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Estes foram os valentes, os homens de renome que houve na antigüidade” (Gn.6:1-2,4).

Ainda que os anjos que pecaram houvessem sido seduzidos pelas mulheres, Satanás aproveitou-se disso em causa própria.

O estrago estava feito! A raça humana foi geneticamente maculada. E para que Cristo fosse o redentor da humanidade, Ele teria que ser 100% Homem, sem qualquer comprometimento genético.

Como corrigir o estrago feito pelos Nefilins?

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